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Como meus pais se conheceram.

  • Foto do escritor: Muriel dos Reis
    Muriel dos Reis
  • 11 de jul. de 2024
  • 2 min de leitura

O ano era 1973, meu pai representante comercial da Souza Cruz e minha mãe comerciante do Supermercado Lanz.


Segundo minha mãe, entre alguns olhares e conversas, a cada vinda de Canoas para Igrejinha, nos pedidos de cigarros, eles foram se conhecendo.


As marcas mais vendidas da Souza Cruz eram Hollywood e Minister.


As visitas comerciais ao estabelecimento eram semanais.


Esta imagem é um expositor antigo de colocar a cada divisória, uma marca diferente de cigarros.


Provavelmente foi utilizado por décadas em algum armazém no interior.


Eu amo memórias afetivas e tudo que liga a minha história.


Assim criei o Armazém 346, um espaço virtual onde sou ponte entre quem quer vender e quem quer comprar.


A parte mais fascinante deste trabalho é conhecer as histórias de diversas pessoas, preencher afetos com resgates da minha criança e de todos que se conectam ao Armazém.


Nasci e cresci dentro de um supermercado, então marcas antigas, embalagens que nem existem mais, me cativam.


Um dos maiores colecionadores de memórias afetivas, peças cuidadas e guardadas, é residente de Três Coroas e ele não exita em abrir as portas para quem quer conhecer.


Meus pais são fumantes há muito tempo, minha mãe desde os 16 anos e o meu pai não está mais presente para que eu soubesse.


Mas antes da partida do meu pai, lembro de levar escondido no lar onde esteve, alguns maços de cigarro.


Uma história que mexeu bastante comigo, foi o seu amigo Everaldo, que me contou quando ele esteve preso por alguns dias por questões fiscais já que sua família administrava um escritório de contabilidade da época. Ele me disse: "Muri adivinha quem foi a única pessoa que vinha me visitar praticamente todos os dias e trazia carne de churrasco e maionese do restaurante Vitória de Taquara e entregava cigarros para todos de lá? Teu pai!"


O cheiro de cigarro por mais que incomode, me traz memórias afetivas: dos meus pais, dos tios paternos, da vizinha, do seu madruga do Chaves, de quem me cuidava, a Oma, algumas amigas da minha mãe e dos amigos de bar por onde meu pai passou.


Lugares que a gente frequentava e que naquela época, podia fumar.


Acompanhei as mudanças de comportamento que quem fumava teve que se adaptar.

Hoje as marcas de cigarro estão severamente restritas para divulgação.


Me lembro dos domingos de manhã, acordando com o som de fundo das corridas de fórmula um e entre os carros, um vermelho, da marca marbloro e outro amarelo, da marca camel.


Aprendi a fumar quando adolescente com a minha amiga Mariana, na sacada do apartamento dela. Ela disse: "Faz de conta que tua mãe está vindo, e leva um susto na hora de puxar dizendo: "Olha minha mãe!""


Essa semana, ao visitar o amigo colecionador Daniel Knack, registrei este expositor em madeira pintado à mão, um grande esforço de quem utilizou os recursos que tinha para época em desenhar e manter as cores e traços da marca.


Entre milhares de peças, esta, a de uma geladeira da pepsi e de algumas latas de azeite, me chamaram mais a atenção.


Senti além de um grande carinho, uma vontade de escrever sobre como meus pais se conheceram, ligadas a memórias afetivas e que cigarro pode fazer mal a saúde, mas faz parte da minha história.


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